27/05/2014

Capítulo 12 - Past

                                   



                               08/04/2013,14:40 – Telhado da Universidade

-Sabe, Demi, desde que... você sabe, estamos nessa situação, até que estou tendo de diversão- Disse Harry.

-É?

-É. Por exemplo, agora no intervalo, podemos vir aqui em cima sem que ninguém reclame conosco, porque não existimos.

-Entendo.

-Nunca pensou em fazer uma loucura?

-Uma loucura?

-Uma loucura aqui na escola. Ninguém pode lhe ver. E se a gente começasse a dançar na sala? Seria legal- Demi ri.

-Definitivamente seria estranho.

-Acho que seria legal, e ninguém ia nos ver mesmo, afinal “não existimos”- Harry tira biscoitos da bolsa –Você é boa em cozinhar?- Ela nega –A Penelope cozinha pra você?

-As vezes, quando ela tem vontade. Mas pra falar a verdade, ela também não é boa.

-Bem, eu sou bom cozinheiro.

-Sério? Que estranho para um garoto.

-Eu sou bom cozinheiro desde o fundamental, estive no clube de culinária.

-Então, eu quero que você prepare algo para mim algum dia.

-Certo... algum dia. A propósito, você já terminou o desenho?

-Praticamente.

-Deu asas a ela?

-Dei. Um dia eu te mostro.

-Ok. Seu hobby é desenhar?

-Acho que prefiro apreciar arte do que praticar. Na maior parte do tempo fico olhando livros de arte. Tenho muitos em casa.

-Já foi em algum museu?

-Não preciso ir a museus, moro em Nova Orleans, a cidade é um museu gigante.

-Deveria vir para Boston algum dia. Há várias museus lá. Nós podemos visitar algum. Serei seu guia.

-Claro... algum dia.


E assim se seguiram os dias, Harry e Demi juntos na maior parte do tempo. Parece que ser inexistente já não era mais algo ruim, porque agora eles tinham um ao outro. As mortes cessaram, então provavelmente a calamidade havia parado.
                                         07/05/2013, 13:33 – Sala do Clube de Arte

Sendo seguida por Harry, Demi abre a porta da Sala, sendo recebida calorosamente.

-Demi!- Exclamou Madison –Quanto tempo! Achei que você havia desistido do clube.

-Eu precisava de um tempo, esse é meu amigo Harry.

-Olá- Harry a cumprimentou.

-Prazer em conhece-lo.

-Vejo que Niall não mudou...- Disse Demi observando o desenho sombrio de uma caveira.

-Falando no diabo!- Disse Madison quando Niall entra na sala. O loiro faz uma expressão de susto ao ver Demi.

-Ei pessoal!- Disse ele –Vocês poderiam vir aqui fora por alguns segundos? Nós precisamos fazer algo.

-Mas a Demi veio nos visitar e...

-Venham, logo- Niall puxa o braço da garota.

Harry olha para Demi rindo.

-Você não pode falar nem com as pessoas do clube de arte?- Perguntou ele.

-É claro que eu posso, o Niall que é paranoico- Eles riem.
                                             
                                                 15:02 – Biblioteca

-Qual é a sua mãe?- Perguntou ela olhando para o livro de fotos.

-Essa daqui- Ele apontou.

-Oh, Anne, não é?

-Sim. A propósito, o professor deles naquela época...

-Ele estava diferente, não?

-Era o Conor?

-Sim, ele mesmo.

-Ah, dois de vocês aqui hoje- Disse Conor entrando na sala.

-Agora existem dois não-existentes- Disse Demi -Nossa, agora que eu falei, eu percebo como a frase é estranha.

-Entendo. Você entende a situação agora, Harry?

-Maior parte dela- Disse ele –Boa parte ainda é confusa para mim.

-Realmente é difícil de acreditar, mas é verdade. Esse fenômeno está realmente acontecendo nessa cidade... nessa escola.

-Você era o professor da classe 3 há 26 anos, não era? Foi assim que conheceu minha mãe?

-Isso mesmo.

-Você pode ficar sem nos ignorar?

-Não tenho nenhuma relação com a classe 3 dessa vez. Pode-se dizer que estou em uma situação segura.

-Então quem está em perigo?

-Os alunos da classe 3, e seus familiares, dentro de dois graus de separação, e eles devem morar em Nova Orleans.

-Dois graus de separação significam pais, avós e irmãos? Se eles tiverem que morar em Nova Orleans, então quer dizer que qualquer um que sair da cidade estará seguro?

-Sim. Pense como se fosse um aparelho celular fora de área.

-Por que você tem que ficar aqui?

-Eu nunca feri ninguém. Nunca... parece idiota pensar desse jeito agora,  mas isso acabou sendo o gatilho que abriu a porta para a morte. Eu fui o responsável por isso, é por isso que fico na escola, mesmo como bibliotecário, porque metade disso fui eu que causei, e honestamente não quero fugir disso.

-Fugir?

-Metade de mim foi esmagada pela raiva. Mas a outra metade estava dominada pelo medo. Medo de morrer. Por isso fugi.


-Professores também morrem?

-Somente professores de classe e assistentes.

-Como era a Demetria que morreu há 26 anos atrás?

-Demetria? Não havia Demetria na sala, era um garoto chamado Dimitri.

-Dimitri?

-É, eu acho que as pessoas foram mudando o nome com o passar do tempo, mas a pessoa da lenda é um garoto, eu lembro bem, afinal, Eu era o professor. Uma noite em maio, a casa dele pegou fogo. A família dele toda morreu, os pais e também um irmão.

-Você viu a fotografia que o fantasma de Demetria... digo, Dimitri, apareceu?

-Claro que vi.

-Você a tem?

-Não. Aquilo me aterroriza pra ser sincero.

-E quando dizem que os registros da escola são alterados de alguma forma...

-É verdade- Conor pega um grossa pasta que estava no topo de uma prateleira –Aqui estão as cópias de todas as listas de classe. 26 anos de listas. De 87 até agora. As pessoas com um “X” vermelho no nome, são as pessoas que morreram naquele ano. Veja na lista de dois anos atrás, vê esse nome escrito embaixo?- Sob a lista havia o nome “Ashley Michelle Tisdale” de caneta azul.

-Sim.

-Foi ela que morreu naquele ano.

-Então sete pessoas morreram em 2011? Não é muito, é?

-Isso porque o plano de tornar uma pessoa inexistente funcionou. Depois dele ter sido implantado, ninguém mais morreu. Porém, logo depois do segundo período, o aluno que foi escolhido como não-existente renunciou o papel, ele não suportou a pressão e o isolamento, então, ele exigiu que as pessoas o reconhecessem, e todos passaram a trata-lo normalmente.

-E assim começou...- Murmurou Demi.

-Sim. Até onde me lembro, o nome dela estava na lista de 2011. Mas não estava na lista de 2008. Havia desaparecido.

-Ambos os nomes e o “X” ?

-Como vê, quando o fenômeno está ativo, procurar nos registros é inútil.

-E as memórias das pessoas também são alteradas, certo?

-Exatamente. Então, no fim do ano, quando o falecido desaparece depois da formatura, os registros voltam ao normal, revelando o aluno extra. Além disso, todas as lembranças dele como falecido são perdidas. Tudo é esquecido.

-Os registros e as memórias voltam ao normal?

-Não compreendo a lógica por trás disso. Já desisti de tentar compreender, mas é isso que acontece. Só há uma contramedida para isso que parece ser efetiva: negar a existência de alguém da sala.

-Qual a taxa de sucesso?

-Cerca de 50%. Em alguns anos funciona, em outros falha. Em alguns anos fica claro porque falhou, mas em outros é desconhecido.

-Isso é terrível...

-Não é uma maldição. Nenhuma maldade é encontrada. Ocorre naturalmente como um tufão ou um terremoto.

-Ter duas pessoas não-existentes será mais efetivo?

-Não sei dizer. Não há nada que garanta que a calamidade irá parar.


-Oh.

-A Senhorita Styles era a professora da classe 3 em 2011?- Perguntou Demi.

-Oh, você tem razão.

-Ela já passou muita coisa- Disse Conor –Fazer ela trabalhar aqui de novo...
                                           15:34 – Lado de fora

-Por hoje é só- Disse Conor.

-Adeus Conor- Disse Demi se afastando.

-Até mais.

-Só mais uma coisa- Disse Harry -Em 1998, 15 anos atrás, foi um ano em que isso aconteceu?

-15 anos atrás? Creio que sim.

-Como pensei...-

-Ah, é verdade. Foi o ano da Rei.

-Rei?

-Era o apelido de infância da Gemma, ou Senhorita Styles- Conor dá uma risada -pegue fotos antigas dela, e você vai ver que ela se vestia no estilo tomboy, e ela sempre teve um ar de superioridade, por isso, Rei. Então quer dizer que Anne estava em Nova Orleans na época?

-Mas a Gemma já estudava aqui

-Como?

-Ela nunca lhe contou que ela repetiu?

-Não.
                                            20:37 – Casa do Harry

-Me desculpe Harry, me desculpe- Disse Gemma –Não havia nada que eu pudesse fazer.

-Mamãe morreu, 19 anos atrás, como parte da calamidade da classe três?

-Não sei.

-Minha pobre Anne...- Disse o avô de Harry –Minha pobre Anne... Minha pobre Gemma também...

-Não diga isso querido. Vamos dormir- O papacorvo começou a ficar extremamente agitado.

-Alegre-se! Alegre-se!- Gritava ele.

-Francamente não sei o que aconteceu com a mamãe- Disse Gemma –Mas eu creio que a calamidade havia parado naquele ano.

-Sério? Por que? Como ela parou? Como vocês pararam a calamidade? Por favor Gemma, me diga.

-Não consigo me lembrar.

-Por favor Gemma, tente se lembrar de alguma coisa, qualquer coisa. Você não faz ideia da ajuda que estaria me dando.

-Acho que alguma coisa aconteceu na viagem de férias...

-Férias?

-Não me lembro o que foi. Mas eu sei que algo aconteceu. Me desculpe Harry. É só o que lembro.
                                                  29/05/2013, 10:39 – Classe 3
Todos estavam a espera do professor Gylenhaal, ele estava atrasado. Ele entra na sala cambaleando, e tinha um olhar estranho, cheio de melancolia. Ele tranca a porta, depois joga a sua pesada maleta sobre a banca.

-Bom dia Classe- Diz ele –Hoje, eu devo me desculpar de todos. Eu preciso...- Ele começa a chorar –Eu fiz tudo que eu podia para que vocês pudessem concluir o terceiro período com saúde. Fiz tudo que estava ao meu alcance para que isso acontecesse. Mas tudo que ocorrer daqui pra frente é com vocês- ele abre a bolsa e começa procurar algo nela, todos ficam apreensivos, porque com a expressão que ele tinha nos olhos, definitivamente, não era algo bom que ele iria pegar –Agora que começou, é com vocês. Não sei se resistir ajuda de alguma forma, não esperem... não esperem que eu lhes ajudem. Mas acredito ser inútil falar isso agora. Ah!- Ele retira uma faca enorme de dentro da bolsa. Todos arregalam os olhos. O que ele iria fazer com aquela faca?

                                                            ~~~~~~

Espero que tenham gostado.
beijos



0 comentários:

Postar um comentário